sexta-feira, 28 de outubro de 2011

* DESAFOGANDO



Em minha cabeça
Centenas de torneiras
Abrem-se derramando
Tudo de uma vez

Para desafogar
Existem maneiras
Sabe-se não é a primeira
Nem a última vez

Abrir os ralos e deixar descer
Monólogo, desabafo, composição
Quando não houver o que escorrer
Serei sugado de volta à razão

(Diego Fernandes)

domingo, 23 de outubro de 2011

* ABANDONO PREMATURO



Recém nascidos embalados
Em caixas de papelão
Abandonados à morte
Ou à casas de adoção

Como os pequenos espartanos
Rejeitados ao nascer
Apenas mais um corpo
Que não merece crescer

Para onde foram os nossos valores
Vivemos em um mundo de horrores
Nas novelas e jornais de televisão
Natural ver morte, traição, corrupção

Imprevisíveis
Desprezíveis
Insensíveis
Invisíveis
Aos olhos cegos da lei

(Diego Fernandes)

* FALSOS MODOS



Suspeito que o breve sorriso
Tenha escapado para preservar
A sua boa educação

Poupe tempo, não pratique
Os bons modos que mascaram
A verdade, a real situação

Quando gritarem que pare
Siga reto, não repare
Essa é a condição

Quem sabe o que é certo
Não modifica o trajeto
Conhece a direção

Por que dizer que é amigo
Se nos momentos difíceis
A resposta é sempre "não"

Não preciso que justifique
Faz melhor se puder revelar
Sua verdadeira criação

Aquele que se incomodar
Que saia ou mude de lugar
Mantenha sua posição

Foi dada a largada
De sua nova jornada
Adeus vida de ilusão

(Diego Fernandes)

* CONVERSÃO



Cabeças irão rolar
Proclama o capitão
Quem pretende se salvar
Segure a minha mão

Em tom de oração
Comece a rezar
Dissemine nossas leis
Em cada canto que pisar

É certo, está escrito
Não questione, amigo
Ou será presa do inimigo

Antes que seja tarde
Abandone a liberdade
Em troca da verdade

(Diego Fernandes)

* TAXA DE VIDA



Se as roupas do verão
Já não caem bem
Não interessa a ninguém

Ao final de trinta dias
Ainda diz amém
Tem cinco notas de cem

A distribuir...

Para poder tomar banho
Assistir sua TV
Comprar carne de terceira
Os cartões irão vencer

E após o aluguel
Acomoda-se em um bar
Por favor, duas doses limpas
Para anestesiar

(Diego Fernandes)

* VALSA DE DESPEDIDA



Letras agonizantes
Em sua última dança
Ao som de uma valsa
Não mais que uma lembrança

Rodeado de flores
Alguém lendo o papel
Agora que os olhos
Fechados miram o céu

Como e tempo tardou
Saudades que não matou
E as bocas que beijou
Nem sempre irão se lembrar

O mais difícil
É encontrar sentido
Para todo caminho
Durante a vida percorrido

Corra e grite
Mesmo que julguem louco
Pois o jogo acaba
Quando a alma deixa o corpo

Acertar mais que errar
Não ter medo de amar
Quando tudo terminar
Terá feito valer

(Diego Fernandes)